Jogo de atenção
Um dos textos mais compartilhados que escrevi (tempos atrás), foi quando citei que "o tarot é um jogo de atenção". Essa afirmação causou alguma coisa por aí (frisson, viral, sei lá). Fiquei alegre, confesso. Afinal, é frase corriqueira para mim, porque de fato não existe uma aula em que eu não diga isso para meus alunos, assim como não existe momento em que não lembre de frisar a mim mesma numa consulta. Quanto mais repetimos algo, mais esse algo olha pra gente. O Tarot acaba olhando pra gente com atenção também. Acredito.
Talvez a "conexão" com o próprio baralho venha dessa dedicação e em perceber o que ele quer dizer.
E tem muito mais nisso aí: imaginação, técnica e tudo mais que a gente aprende. Todas as informações precisam se deitar sobre uma cama de concentração, senão fica fácil dizer que tomada é focinho de porco, e isso num jogo de cartas, é muito fácil de acontecer. Há espaço e condições para que se disperse. Sim, há. Talvez tudo se "cosmolize" demais e se perca o contato com o simples. Inventei uma palavra, perceberam que ousadia?
Imaginação não significa voar por qualquer canto sem razão; não significa não considerar a realidade de quem te pergunta. A técnica não precisa amarrar um leitor de símbolos ao pé da mesa; e a atenção serve para este mesmo leitor não se furtar ao rumo de casa. Isso quer dizer que a fórmula para não errar está contida nas linhas? Absolutamente que não.
O que está aí é um convite à nossa capacidade em ler as angústias alheias com honestidade e uma pitada de imaginação, sem perder a direção nessa "volta pra casa". É o cuidado em imaginar milhões de possibilidades e voltarmos sóbrios à carta a ser lida, deixando assim, o consulente seguro para voltar (também) e te encontrar sóbrio (também), no lugar de sempre.
A imaginação oracular é lugar de responsabilidade e sobriedade.