A Astrologia Tradicional fundamenta os signos do zodíaco tropical baseado nas estações do ano do hemisfério norte. São doze signos: os cardinais, que abrem as estações; os fixos, que são o ápice de cada estação; e os mutáveis, que são a transição de uma estação a outra.
Muito já se escreveu, elaborou e, na minha opinião, até se exagerou a respeito dessa qualidade dos signos, mas, ao meu ver, as coisas podem ser fundamentadas apenas com a observação. Se tratando do hemisfério norte, longe daqui, talvez usando a imaginação e alguns referenciais audiovisuais e literários que temos a mão também! Hoje vou falar dos signos fixos: Touro, Leão, Escorpião e Aquário. E como cada um tem um simbolismo que se estende para a compreensão de como a natureza age e os seres vivos interagem, podemos aprofundar muito melhor a interpretação de cada qual dentro de um mapa, previsão ou reflexão.
Os signos fixos são os auges das estações. O que a estação tem de mais característica, lá está o seu máximo. É quando o verão é mais quente e o inverno mais frio. E podemos compreender se formos dissevando cada vez mais, vendo que não apenas os signos têm qualidades, mas também pertencem a elementos. Vamos de exemplos um por um.
TOURO
Touro é o primeiro signo fixo do zodíaco e quando o Sol transita por ele estamos no ápice da primavera. Primavera é uma estação gostosa, que vem render a desesperança e a escassez do inverno anterior. É quente, mas não muito quente, as flores desabrocham, os frutos ficam maduros, a natureza fica mais fresca e colorida. Os animais saem de suas hibernação, as pessoas saem mais de casa, é possível semear novamente. Touro, um signo de terra, é o que dá chão fértil para que tudo isso aconteça. Representa essa delícia e satisfação em termos materiais, ou seja, no corpo, na experiência, no paladar. O prazer de ser fértil de novo colocado no campo sensorial, físico. Regido por Vênus, o imperativo “fixo” de Touro é justamente este local que busca se sentir confortável. Assim como um tourinho num pasto, a grama, o sol, a sombra e água fresca são suas maiores satisfações.
LEÃO
Se tratando do hemisfério norte, o ápice do verão é uma estação muito próspera. Pensemos, inclusive, como os antigos elaboraram. No verão o calor e as chuvas permitem o maior crescimento das plantações, os rios se enchem e a navegação flui melhor, há maior fertilidade e abundância. Pensando que o Sol rege o signo de Leão, esta passagem demonstra um reino na sua melhor potência. É o Rei que tem seu reino prosperando. Se tratando de um signo de fogo, devemos lembrar que o fogo é a matéria que sempre vai para o alto, buscando e desejando, seja poder, autoridade, filosofias, contato com deuses…o fogo deseja, é inquieto. No entanto, a inquietação deste fogo é fixa, estável, chega no seu auge. É a “iluminação”. Quando o conhecimento e os saberes trazem as maiores satisfações. Costumo pensar que Leão é o que dá a segurança através do conhecimento. Quem se sente seguro por saber, quem prospera por desenvoltura intelectual, o império que prospera porque o fogo se centrou em um caminho único, para cima, para o alto.
ESCORPIÃO
O outono é sempre igual e as folhas caem no quintal. As folhas caem porque as raízes param de mandar seiva para as pontas das árvores e, desnutridas, elas caem no solo. As águas das árvores, no outono, precisam ser retidas nas raízes: uma pra manter a nutrição da planta e outra porque os frutos, folhas e flores não resistem ao frio. Então é tempo de se recolher. O elemento água é um elemento de cuidado, gestão da vida e afeto. No entanto, como se cuida em uma estação que dá indícios de escassez? Regido por Marte, o guerreiro, é um cuidado pragmático. Aquele que cuida por meio da ação. Guardando a água, dando de si para os outros, se colocando à disposição. A fixidez da água é a que gesta, cuida, torna a vida vivível, mas através de movimentos mais assertivos e, muitas vezes, cortando, podando e retendo.
AQUÁRIO
Por fim, chegamos no auge do inverno. A estação mais escassa de todas, onde o solo não é abundante, faz muito frio, mal se sai de casa… é tempo de maior melancolia, recolhimento e solidão. No entanto, aqui estamos num signo de Ar: quando tudo é frio e pouco abundante, o que nos resta é nos atermos a nossos ideais. Quando o mundo externo e material não prospera, precisamos de nossas convicções para prosseguir. Sendo assim, Aquário é o mais convicto, justamente porque ele é uma ideia, o etéreo, o ar, numa situação de extrema escassez. O que nos salva são os pensamentos, as reflexões, as convicções. Regido por Saturno, o tempo, é o que irá aceitar os limites da pele, da vida, do tempo, o que se conforma com as coisas como elas são, mas não deixa de imaginar e idealizar. É pelo olhar melancólico do tempo e dos processos que consegue criar suas próprias filosofias de vida. É a verdade pessoal de quem passou pelas experiências.
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Lembrando que signos não são pessoas e a definição de cada um não fala sobre a personalidade do sujeito que tem o Sol nestes signos. Por essa razão eu gosto de sempre fazer a associação com as estações do ano, e o signo vem como a potência no destino. Para leigos, é interessante se ater ao ascendente, pois ele mostra as principais motivações pessoais e também motivações do destino da pessoa. Sendo assim, as características do signo (e o signo onde está seu planeta regente) pode ajudar a pensar para onde essa vida se direciona, quais as maiores ambições, direções e repetições.
Quem tem signo fixo no ascendente, possivelmente terá uma vida e uma narrativa que expressa o auge destas estações, cada qual em seu elemento: a terra que estrutura, o fogo que deseja, a água que cuida e o ar que idealiza. Mas todos têm algo em comum: são a expressão máxima de uma estação e do que ela caracteriza. A primavera deliciosa, o verão abundante, o outono que se recolhe, o inverno e sua escassez.
Considero de um alto grau de relevância nos recordamos que os signos do zodíaco são tropicais, associados às estações do ano, além de considerar os planetas regentes e suas principais características. Muitas analogias e metáforas são possíveis, no entanto creio eu que algumas delas fogem dos fundamentos da astrologia tradicional, como por exemplo a falácia de Escorpião ser um signo “sexual”. Ora, o que há de sensual em um signo regido pelo planeta da guerra - Marte - associado a uma estação fria e seca? Muitas dessas confusões esquecem dos fundamentos básicos da astrologia que é a simples observação da natureza!
Ninguém é obrigado a saber e por isso mesmo faço o convite a reflexão, além de relembrarmos que todo fundamento da Astrologia se iniciou pela observação. Isso cria um repertório pessoal muito interessante, inclusive para o profissional de astrologia que cria suas metáforas para traduzir o céu.
Menos blogueires e mais observação da janela lá fora, não é mesmo?
Bárbara Ariola
Incrível! 😍